" A mente é algo como uma usina a produzir energias; quando se descontrola ou é tomada pela raiva, ódio, cólera, inveja ou ciúme, emite determinados feixes de ondas de forças, que perpassam pelo campo "etereoastral" da zona cerebral do períspírito, fazendo baixar o padrão vibratório da energia mental que ali se encontra em liberdade. Produz-se, então, um fenômeno que muito bem poderíeis designar como sendo uma "coagulação mental astral", lembrando o caso da onda de frio que, ao atuar no seio da atmosfera do vapor d'água, solidifica-o na forma de gotículas. Assemelha-se, também, à corrente elétrica que perpassando por uma solução salina, produz a tradicional precipitação verificada em laboratórios de química e física.
Da mesma forma, as ondas mentais alteradas também intoxicam a própria atmosfera astral e invisível em torno do cérebro, produzindo substâncias que baixam vibratoriamente, tornando-se nocivas, e por esse motivo devem ser eliminadas da zona psíquica ou do campo áurico do homem. A glândula hipófise, a regente dinâmica do sistema endócrino e a mais influente no sistema nervoso, sofre então, pela sua delicadeza, a maior parte do impacto violento e agressivo da mente desgovernada, fazendo esse impacto repercutir nos demais órgãos da rede glandular, do que resulta aceleração e precipitação de hormônios inoportunos na circulação sanguínea, com a consequente intoxicação do organismo. A natureza, orientada pelo senso divino, expulsa a carga inoportuna para o mundo exterior, através das vias emunctórias do corpo, como sejam os rins, intestinos e pele. Daí se verificar, amiúde, que as criaturas mais violentas, coléricas, irritáveis, pessimistas ou ciumentas são vítimas quase sempre de alergias inespecíficas, urticárias, nefrites, eczemas neuro-hepáticos, surtos de disenteria ou hemorróidas, como frutos dos desequilíbrios mentais e descontroles psiquicos. Os hipocondríacos, por exemplo, vivem num infeliz círculo vicioso; quando o fígado enferma, altera-se o seu psiquismo, e quando este se desarmoniza, são eles que enfermam o fígado.
É óbvio, pois, que, sendo as palavras irascíveis o instrumento que interpreta as emoções desequilibradas ou violências mentais, devem produzir visíveis modificações orgânicas, como chaves do psiquismo desequilibrado, assim como as palavras desarmônicas por natureza exigem esforços à parte, para serem pronunciadas, enquanto outras associam estados enfermiços e fazem abater o ânimo espiritual, influindo no físico. Quando louvais o próximo com palavras de amor ou de paz, elas despertam estados de afetividade, otimismo e esperança, o que já não sucede se as expressões forem de ódio ou de rancor.
As palavras despertam idéias e produzem estados e motivos diferentes, no homem; repetimos-vos: são chaves verbais que vos alteram ao ouvi-las ou a pronunciá-las, ocorrendo então consequências diferentes no psiquismo e, consequentemente, no corpo físico".
Abordagem do livro A Sobrevivência do Espírito - Ramatis
RHEBECKA SOUZA
Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.
quinta-feira, 28 de junho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
TORRE DE BABEL
A viagem pela paralela é longa, engarrafamento, mais que trazem seus momentos de reflexões. Tem de tudo:música evangélica, pagode, forró, assim como alguém que levanta de Biblia nas mãos e pede licença para falar da palavra de Deus, de sua próxima vinda quando irá explusar satanás.
O tema desse dia foi a Torre de Babel. Ao ouvir referência do nome fui tomada por um ligeiro "mal estar". Então como sempre faço, fui me "distanciando", ampliando a mente, comecei a me perguntar: que torre de babel ele está falando? daquela citada nas escrituras que acredito que fisicamente não existiu a não ser de forma simbólica mais no sentido muito atual: Cada um querendo ser mais que o outro no exercício do poder e egoísmo, "plasmada" no inconsciente coletivo que através dos séculos "continuamos" tentando construir mais também com o "medo" da ira de Deus? medo e ira duas palavras que remeteram a momentos dos aprendizados cristãos que muitas vezes fugia a compreensão. Deus não é o Criador do universo e tudo que a ele pertence?porque ele iria ficar zangado e destruiria a todos? as explicações não atendia ao meu desejo de saber a resposta.
"Vindo" para o presente, pensei nas "torres" que são construidas em todos os momentos e que nem sempre são entendidas como "prisões". Torres familiares, (poucos conseguem se libertar), torres de sentimentos, torres que muitas das vezes são "quebradas" pelas doenças, ou torres que servem de "refúgio"(depressões, drogas etc), fiquei pensando nas minhas próprias torres e o quanto precisei da vontade aliada a busca da Consciência, tendo como guia a Vontade de Divina para que mantivesse tranquila quanto às destruições que chamo de "libertação".
Segundo a história a destruição da Torre de Babel, os homens passaram a falar línguas estranhas e não se entendiam, fato que continua acontecendo, observo nesse momento no transporte: Alguém pregando, outro ouvindo música numa altura, algumas dormindo (ou fingindo) e algumas conversando. É ou não uma torre de Babel?
Poderia ficar horas identificando outras "torres" mais preferi retornar, o tal do" incomodo" passou, reflexões compeendidas, estava na hora de me preparar para saltar.
A compreensão? Não só as doenças nos mantém presos, mais também os desejos, a possesividade, o orgulho e por aí vai.
O tema desse dia foi a Torre de Babel. Ao ouvir referência do nome fui tomada por um ligeiro "mal estar". Então como sempre faço, fui me "distanciando", ampliando a mente, comecei a me perguntar: que torre de babel ele está falando? daquela citada nas escrituras que acredito que fisicamente não existiu a não ser de forma simbólica mais no sentido muito atual: Cada um querendo ser mais que o outro no exercício do poder e egoísmo, "plasmada" no inconsciente coletivo que através dos séculos "continuamos" tentando construir mais também com o "medo" da ira de Deus? medo e ira duas palavras que remeteram a momentos dos aprendizados cristãos que muitas vezes fugia a compreensão. Deus não é o Criador do universo e tudo que a ele pertence?porque ele iria ficar zangado e destruiria a todos? as explicações não atendia ao meu desejo de saber a resposta.
"Vindo" para o presente, pensei nas "torres" que são construidas em todos os momentos e que nem sempre são entendidas como "prisões". Torres familiares, (poucos conseguem se libertar), torres de sentimentos, torres que muitas das vezes são "quebradas" pelas doenças, ou torres que servem de "refúgio"(depressões, drogas etc), fiquei pensando nas minhas próprias torres e o quanto precisei da vontade aliada a busca da Consciência, tendo como guia a Vontade de Divina para que mantivesse tranquila quanto às destruições que chamo de "libertação".
Segundo a história a destruição da Torre de Babel, os homens passaram a falar línguas estranhas e não se entendiam, fato que continua acontecendo, observo nesse momento no transporte: Alguém pregando, outro ouvindo música numa altura, algumas dormindo (ou fingindo) e algumas conversando. É ou não uma torre de Babel?
Poderia ficar horas identificando outras "torres" mais preferi retornar, o tal do" incomodo" passou, reflexões compeendidas, estava na hora de me preparar para saltar.
A compreensão? Não só as doenças nos mantém presos, mais também os desejos, a possesividade, o orgulho e por aí vai.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
ABRA MÃO, SOLTE, LIBERTE
" Imagine-se numa bela faixa de areia de praia. A areia está quente e macia ao toque de sua mão. Pegue um punhado de areia e aperte com força. Perceba o que acontece. Ela começa a escorrer por entre os seus dedos fechados. Quanto mais você tenta segurá-la mais rápido ela escorre por entre seus dedos, até que voce fica segurando apenas uma pequena parte daquilo que voce tinha no início. Depois, pegue mais um punhado de areia, mas, em vez de fechar o punho com força, deixe a mão aberta e perceba como os grãos de areia na mão por muito mais tempo, com menos esforço, menos gasto de energia do que se voce tentasse possuí-los e mante-los prisioneiros em seu próprio punho.
Mas será que qualquer dessas formas de reagir à areia mudou seu sentimento em relação a ela ou mudou a areia? Obviamente não. Voce ainda sente que vale a pena tê-la, que vale a pena senti-la. Ela ainda é tão bonita e ainda é muito bom sentar ali e apreciar a paz e a maciez da areia. E o que é melhor, ela vai continuar ali permitindo que voce a aprecie, dia após dia, pelos tempos futuros.
A VIDA E O AMOR
A vida e o amor são bem parecidos com aqueles grãos de areia. Queremos possuir para sempre os sentimentos que o amor desperta dentro de nós. Queremos nos agarrar e recuperar aqueles momentos das primeiras emoções... os sentimentos de felicidade, alegria e plenitude, tentando nos agarrar ao ser amado depois que ele ou ela mudaram de maneiras que nos recusamos a aceitar. Para aquele ser amado, transferimos os sentimentos que são na verdade nossos, e que sentimos inicialmente porque aquela determinada pessoa nos colocou em contato com o nossolado mais amável e mais bonito.
Muitas vezes é possível recuperar esses sentimentos mais uma vez, e deveríamos fazer todos os esforços nesse sentido de uma forma honesta para aprender com os problemas e construir um relacionamento mais profundo, mais amoroso do que o anterior.
Mas existem momentos em que apenas um dos parceiros está disposto a se esforçar para fazer com que isso aconteça, a explorar todas as alternativas possíveis para fazer com que o relacionamento funcione..., talvez até bem depois do momento em que um "até logo" fosse mais apropriado.
Abrir mão significa olhar para nós mesmos honestamente, aprendendo a amar os outros como eles são, permitindo a eles a liberdade de serem eles mesmos, embora isso possa ser diferente daquilo que gostaríamos que eles fossem. É ter coragem de dizer "Eu mudei, eu cresci, estou fazendo o melhor que posso, embora nem sempre esteja corre. Estou lhe oferecendo minha mão. Acompanhe-me em meu crescimento, venha ser meu companheiro.
Mas tudo bem se voce não quiser vir comigo. Eu o amarei, aceitarei e respeitarei de qualquer forma, porque assim manterei minha integridade e o apoiarei na sua integridade". Afinal de contas, cada um de nós tem seu próprio caminho a trilhar, junto ou separadamente, mas ainda podemos aceitar e amar a outra pessoa pelo fato de ela partilhar sua vida conosco e nos oferecer o que tem de melhor."
Texto da revista O Rosacruz
Mas será que qualquer dessas formas de reagir à areia mudou seu sentimento em relação a ela ou mudou a areia? Obviamente não. Voce ainda sente que vale a pena tê-la, que vale a pena senti-la. Ela ainda é tão bonita e ainda é muito bom sentar ali e apreciar a paz e a maciez da areia. E o que é melhor, ela vai continuar ali permitindo que voce a aprecie, dia após dia, pelos tempos futuros.
A VIDA E O AMOR
A vida e o amor são bem parecidos com aqueles grãos de areia. Queremos possuir para sempre os sentimentos que o amor desperta dentro de nós. Queremos nos agarrar e recuperar aqueles momentos das primeiras emoções... os sentimentos de felicidade, alegria e plenitude, tentando nos agarrar ao ser amado depois que ele ou ela mudaram de maneiras que nos recusamos a aceitar. Para aquele ser amado, transferimos os sentimentos que são na verdade nossos, e que sentimos inicialmente porque aquela determinada pessoa nos colocou em contato com o nossolado mais amável e mais bonito.
Muitas vezes é possível recuperar esses sentimentos mais uma vez, e deveríamos fazer todos os esforços nesse sentido de uma forma honesta para aprender com os problemas e construir um relacionamento mais profundo, mais amoroso do que o anterior.
Mas existem momentos em que apenas um dos parceiros está disposto a se esforçar para fazer com que isso aconteça, a explorar todas as alternativas possíveis para fazer com que o relacionamento funcione..., talvez até bem depois do momento em que um "até logo" fosse mais apropriado.
Abrir mão significa olhar para nós mesmos honestamente, aprendendo a amar os outros como eles são, permitindo a eles a liberdade de serem eles mesmos, embora isso possa ser diferente daquilo que gostaríamos que eles fossem. É ter coragem de dizer "Eu mudei, eu cresci, estou fazendo o melhor que posso, embora nem sempre esteja corre. Estou lhe oferecendo minha mão. Acompanhe-me em meu crescimento, venha ser meu companheiro.
Mas tudo bem se voce não quiser vir comigo. Eu o amarei, aceitarei e respeitarei de qualquer forma, porque assim manterei minha integridade e o apoiarei na sua integridade". Afinal de contas, cada um de nós tem seu próprio caminho a trilhar, junto ou separadamente, mas ainda podemos aceitar e amar a outra pessoa pelo fato de ela partilhar sua vida conosco e nos oferecer o que tem de melhor."
Texto da revista O Rosacruz
sábado, 2 de junho de 2012
TRANSCENDER O SOFRIMENTO POR MEIO DO DESAPEGO
Continua..
" Então surge a necessidade do desapego, sob a forma de um acontecimento inesperado que vem destruir aquilo que estava se cristalizando. Sofremos, portanto, e aprendemos a lição da impermanencia à nossa custa; mas, se aceitarmos a provação e compreendermos seu significado, teremos uma luminosa revelação e uma abertura da consciência, que nos compensarão da nossa renúncia.
.. O aspecto mais oculto do desapego - e o mais difícil de ser realizado - é constituido exatamente dessa "simultaneidade" dos dois aspectos, dos dois níveis de expressão que durante longo tempo consideramos separados, opostos e irreconciliáveis.
Para muitas pessoas, por exemplo, parece impossível expressar o amor de maneira impessoal e desapegada sem cair numa atitude de frieza, de não-participação emocional; tais pessoas não conseguem ver que podemos expressar um amor desapegado mais revestido de calor, de ternura e de verdadeiro interesse pelo outro.
O verdadeiro desapego permite amar desse modo, não exige reciprocidade e não tem expectativas, pois é Verdadeiro Amor pelo Ser Real da outra pessoa. Não nasce da necessidade, de projeções ou ilusões, mas sim do nosso centro de consciência que exprime a energia do Amor do Eu, irradiando como o Sol, espontaneamente, sobre tudo e sobre todos.
Quem sabe amar verdadeiramente não prende a pessoa amada, mas a deixa livre porque deseja a felicidade dela, não a sua própria. No entusiasmo do verdadeiro amor, acontece o desapego e nasce um sentimento de liberdade que não diminui a intensidade do afeto, mas a aumenta; não há sofrimento, mas alegria; não há sacrifício, mas um ato de doação.
Falei do amor porque é uma experiência pela qual todos nós podemos facilmente ter passado, mesmo que por breves momentos. Nos outros aspectos da vida talvez seja mais difícil perceber a simultaneidade entre desapego, liberdade interior e interesse e entusiasmos exteriores, como por exemplo no "desapego dos frutos da ação" descrito no Bhagavad Gita como requisito fundamental do verdadeiro iogue. O verdadeiro artista, por exemplo, movido pela sua criatividade, consegue alcançar essa forma de desapego porque seus motivos são puros e provêm do Eu.
Fica claro, dessas breves notas, que o verdadeiro desapego é o resultado de um longo processo de desidentificação e de libertação que leva o homem a reconhecer sua realidade e a despojar-se de tudo aquilo que a ofusca, a limita e a distorce.
O desapego não é, como talvez tenhamos pensado num primeiro momento, uma renúncia, uma restrição, uma aridez ou uma fuga da vida; ao contrário; é um alargamento, um florescer e uma participação na vida de maneira mais total, alegre e verdadeira, tal como expressa São João da Cruz em seu livro Salita al Monte Carmelo ( A subida do Monte Carmelo) com estas palavras:
" O homem adquirirá, por meio do desapego, um claro conhecimento das coisas, e assim compreenderá claramente a verdade sobre elas. (..) Alegrar-se-á com elas, portanto, de uma maneira diferente do que faz quem está a elas apegado. Ele as desfruta segundo a verdadeira natureza delas; o outro as desfruta segundo sua enganosa aparência. Um aprecia o lado melhor das coisas; o outro, o lado pior. Um se alegra com aquilo que as coisas substancialmente são; o outro apega-se a elas com os seus sentidos, segundo aquilo que as coisas acidentalmente são".
meta que o ser humano deve alcançar por meio do desapego, portanto, não é a abstração da vida, a paz transcendente do Ser e a unilateralidade de uma perfeição sobre-humana, mas sim a totalidade, a superação da dualidade entre Espírito e Matéria, entre Ser e Vir-a-ser, em uma síntese superior para realizar assim o estado de consciência admiravelmente expressado na Voce del Silenzio (Voz do silêncio) com estas poéticas palavras:
Os ramos da árvore são fustigados pelo vento
mas seu tronco permanece imóvel.
Tanto a ação quanto a não-ação
Devem em ti encontrar lugar:
teu corpo em movimento,
tua mente tranquila,
tua Alma límpida como um lago na montanha.
Trechos do livro O Caminho para a libertação do sofrimento - Angela Maria La Sala Batá- Ed. Pensamento
" Então surge a necessidade do desapego, sob a forma de um acontecimento inesperado que vem destruir aquilo que estava se cristalizando. Sofremos, portanto, e aprendemos a lição da impermanencia à nossa custa; mas, se aceitarmos a provação e compreendermos seu significado, teremos uma luminosa revelação e uma abertura da consciência, que nos compensarão da nossa renúncia.
.. O aspecto mais oculto do desapego - e o mais difícil de ser realizado - é constituido exatamente dessa "simultaneidade" dos dois aspectos, dos dois níveis de expressão que durante longo tempo consideramos separados, opostos e irreconciliáveis.
Para muitas pessoas, por exemplo, parece impossível expressar o amor de maneira impessoal e desapegada sem cair numa atitude de frieza, de não-participação emocional; tais pessoas não conseguem ver que podemos expressar um amor desapegado mais revestido de calor, de ternura e de verdadeiro interesse pelo outro.
O verdadeiro desapego permite amar desse modo, não exige reciprocidade e não tem expectativas, pois é Verdadeiro Amor pelo Ser Real da outra pessoa. Não nasce da necessidade, de projeções ou ilusões, mas sim do nosso centro de consciência que exprime a energia do Amor do Eu, irradiando como o Sol, espontaneamente, sobre tudo e sobre todos.
Quem sabe amar verdadeiramente não prende a pessoa amada, mas a deixa livre porque deseja a felicidade dela, não a sua própria. No entusiasmo do verdadeiro amor, acontece o desapego e nasce um sentimento de liberdade que não diminui a intensidade do afeto, mas a aumenta; não há sofrimento, mas alegria; não há sacrifício, mas um ato de doação.
Falei do amor porque é uma experiência pela qual todos nós podemos facilmente ter passado, mesmo que por breves momentos. Nos outros aspectos da vida talvez seja mais difícil perceber a simultaneidade entre desapego, liberdade interior e interesse e entusiasmos exteriores, como por exemplo no "desapego dos frutos da ação" descrito no Bhagavad Gita como requisito fundamental do verdadeiro iogue. O verdadeiro artista, por exemplo, movido pela sua criatividade, consegue alcançar essa forma de desapego porque seus motivos são puros e provêm do Eu.
Fica claro, dessas breves notas, que o verdadeiro desapego é o resultado de um longo processo de desidentificação e de libertação que leva o homem a reconhecer sua realidade e a despojar-se de tudo aquilo que a ofusca, a limita e a distorce.
O desapego não é, como talvez tenhamos pensado num primeiro momento, uma renúncia, uma restrição, uma aridez ou uma fuga da vida; ao contrário; é um alargamento, um florescer e uma participação na vida de maneira mais total, alegre e verdadeira, tal como expressa São João da Cruz em seu livro Salita al Monte Carmelo ( A subida do Monte Carmelo) com estas palavras:
" O homem adquirirá, por meio do desapego, um claro conhecimento das coisas, e assim compreenderá claramente a verdade sobre elas. (..) Alegrar-se-á com elas, portanto, de uma maneira diferente do que faz quem está a elas apegado. Ele as desfruta segundo a verdadeira natureza delas; o outro as desfruta segundo sua enganosa aparência. Um aprecia o lado melhor das coisas; o outro, o lado pior. Um se alegra com aquilo que as coisas substancialmente são; o outro apega-se a elas com os seus sentidos, segundo aquilo que as coisas acidentalmente são".
meta que o ser humano deve alcançar por meio do desapego, portanto, não é a abstração da vida, a paz transcendente do Ser e a unilateralidade de uma perfeição sobre-humana, mas sim a totalidade, a superação da dualidade entre Espírito e Matéria, entre Ser e Vir-a-ser, em uma síntese superior para realizar assim o estado de consciência admiravelmente expressado na Voce del Silenzio (Voz do silêncio) com estas poéticas palavras:
Os ramos da árvore são fustigados pelo vento
mas seu tronco permanece imóvel.
Tanto a ação quanto a não-ação
Devem em ti encontrar lugar:
teu corpo em movimento,
tua mente tranquila,
tua Alma límpida como um lago na montanha.
Trechos do livro O Caminho para a libertação do sofrimento - Angela Maria La Sala Batá- Ed. Pensamento
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