RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A ORIGEM DO SOFRIMENTO

A primeira das quatros nobres verdades enunciadas por Buda após sua iluminação é muito simples e diz basicamente que "a vida é sofrimento". Na verdade, a palavra usada em sânscrito é "dukkha" termo que poderia ser mais bem traduzido como aquela angústia difusa que é pano de fundo habitual do nosso cotidiano. É algo menor que sofrimento, mais sutil, e que se refere àquela raspação contínua no peito que nos deixa eternamente infelizes. Se temos algo, temos medo de perder. Se não temos, sentimos falta.
Qualquer que seja a condição, esse pano de fundo nos deixa sempre descontentes. A n~]ao ser que compreendamos que a felicidade é efêmera, que tudo é impermanente e que a mudança faz parte da vida. Isto é, as três nobres verdades restantes.
"Acontece que vivemos num tempo de mudanças que se sucedem numa velocidade vertiginosa, uma época de amores líquidos e passageiros. Não sabemos como lidar com essa rapidez em que tudo nos foge das mãos, em que nada é garantido e perene e em que tudo é descartável", diz a psicóloga Sandra Taiar, do Laboratório Formativo do Ser, ligado a linha Stanley Keleman e professora do Palas Athena. Mais que isso, segundo Sandra, passamos para os nossos relacionamentos os valores de uma sociedade de consumo. "Se uma relação não é exatamente aquilo que desejamos, a gente troca, devolve. Não se investe num aprofundamento maior", ela diz. Como se fosse possível reclamar no caixa e exigir nosso tempo e dinheiro de volta, como se o afeto fosse uma mercadoria.
Também avaliamos o que somos ou temos segundo as regras de consumo. "Sempre queremos estar bem na fita. Damos muita importância ao que a sociedade julga como válido, importante ou conveniente, sem pensar em nossa profundidade e em nossos verdadeiros valores", diz Sandra.
O tempo ficou exíguo para a gente se perguntar o que vale a pena ou não.
"A qualidade do tempo influi na qualidade de nossas escolhas", afirma a psicóloga. Em vez de reclamar e trocar constantemente, uma boa idéia seria nos ouvirmos com verdade e atenção.
" sociedade de consumo, a mídia, os sites de relacionamento levam nossa atenção constantemente para fora. Há pouco tempo disponível para nos levar para dentro", acredita. Tem um momento, portanto, em que é preciso saber desligar a televisão e não acompanhar a próxima novela. Ou dar um tempo no Facebook. Ou fazer uma terapia. Somos uma potência de vida que precisa se manifestar plenamente de corpo e alma. É saudável e desejável, portanto, abrir espaço para ela.
Texto da revista Vida Simples