RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

FALANDO EM EXPRESSÃO......

"Por que a boca? Por causa de todas as palavras que ficaram presas em tua língua, entre os dentes.
Emitir palavras é o nosso modo de defesa como animal humano. Atacar se forem fortes, fugir se forem fracos sempre foi a forma de reagir dos seres vivos. Ou estacar, cerrar os dentes, bloquear a respiração, toldar o olhar. Não deixar nada passar para fora, nada que seja vivo. Os animais se fingem de mortos quando acuados. O homem também. Nem um grito, nem um olhar, nem uma respiração. Nem uma palavra. O corpo está a toda, o coração dispara no peito, os punhos se apertam. E mais nada. Sair correndo não se faz, bater no próximo não se faz. Formular palavras em pensamento é possível, dizer palavras com a boca também - propor perguntas, pedir contas, expressar dor e cólera. Mas como fazer isso? Muitas vezes, não encontramos as palavras. Não no momento exato. Os olhos ficam marejados, a garganta apertada, as palavras gaguejadas não são pertinentes, atropelam-se umas às outras. Mais tarde, fica-se horas e horas ruminando tudo o que se queria ter dito. Por fim, acaba-se esquecendo. Nosso corpo, porém, nunca esquece nada.
Detido em seu movimento, nosso corpo freiou com todos os músculos. Frear é tudo o que ele pode fazer. Desse modo os músculos se econtraem e, para poder relaxar-se, ficam à espera de uma ordem, não consegue fazê-lo porque não sabe o que aconteceu com o corpo. Coração disparado, mãos úmidas, agitação não dependem dele. Dependem de uma rede de nervos paralela, chamada sistema neurovetativo. Ele fica atento dia e noite para preservar em nós a vida, trabalho este que nosso cérebro consciente tem muita dificuldade e analisar e compreender. Neste exato momento, o teu coração está batendo, o sangue circula, os pulmões respiram, e não precisas querer, nem mesmo ter conhecimento disso, para que tudo aconteça perfeitamente dentro do teu corpo.
A boca detém detém a chave do equilíbrio neuromuscular do corpo todo. Se os maxilares se tracarem, a musculatura do pescoço, das costas ou das pernas será vítima dessas contrações e terá grande dificuldade para soltar-se.
A boca pode condenar todas as portas de teu corpo, ou escancará-las a seu bel prazer. É uma porta, a primeira, a que está mais ao alto. Se a boca não relaxar, a musculatura também não relaxa.
A boca é forte, musculosa, muito sensível. Sempre à frente desde o primeiro instante de nossa vinda ao mundo, ela prende, suga, come, beija, profere palavras. É violenta, é muito suave, é tudo ao mesmo tempo.
Os músculos dos maxilares são, em proporção a seu tamanho, os mais fortes do corpo. Quando contraídos, os maxilares se fecham com uma pressão de oitenta quilos. Cada vez que engolimos saliva, eles exercem nos dentes um peso médio de dois quilos. E, como deglutimos com frequência mesmo durante o sono, eles exercem nos dentes - e em todo o nosso corpo - um peso de quatro toneladas no espaço de vinte e quatro horas.
Fronteira entre o exterior e o interior, nossa boca é também fronteira entre o consciente e o inconsciente.
No fundo, não te dás conta do que fazer com os lábios, língua e maxilares; falas, comes, beijas, sorris, e os músculos de tua boca fazem uma porção de movimentos dos quais não tens consciência. E em suas fibras eles guardam, bem apertadas, inúmeras tensões que nem chegas a perceber."
(Dolivro Quando o corpo Consente - Ed. Martins Fontes/ Marie Bertherat)

Um comentário:

  1. Lindo texto Beka...a boca realmente é de grande importancia..as palavras e senrimentos contidos nela.

    beijocas.

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