" .... O Haggadah, por exemplo, além de afirmar que a humanidade foi criada como ponte entre os mundos do Céu e da Terra, diz quais são as qualidades dos anjos do Céu e das criaturas da Terra que se fundiram para criar a espécie do "homem". Herdamos dos anjos quatro qualidades que contribuem para a nossa singularidade. são elas:
. o "poder da palavra",
. o "intelecto discriminador",
. o "andar ereto" e
. o "olhar" dos nossos olhos.
O "poder da fala" é um poder duplo que não dividimos com nenhuma outra forma de vida da Terra. A ciência demonstrou que a vibração afeta o mundo físico de maneira profunda. É da vibração que vem a força que devasta cidades inteiras durante u terremoto e a força que cura o nosso corpo pela emoção. A fala permite que tornemos audíveis as nossas vibrações. Com a capacidade de fazer vibrar o diafragma no abdômen e fazer entrar a quantidade exata de ar entre os músculos das cordas vocais, criamos as vibrações que curam o corpo e modificam o mundo. Além disso, é por meio das palavras que preservamos a memória do passado e compartilhamos com os outros as experiências que nos tocam a alma.
É o nosso "intelecto discriminador" que nos permite escolher quando, como e até se compartilhamos as nossas opiniões por meio do dom da palavra. Nosso intelecto nos permite considerar as consequências de nossas ações, poupando-nos de viver num estado de perpétua reação, tentando "consertar" as escolhas de que nos arrependemos.
Graças ao "andar ereto", libertamos o uso dos braços e mãos, ganhando mobilidade para realizar as ações que julgamos pertinentes. A postura ereta nos permite construir o nosso mundo, expressar as mais profundas emoções e cuidar dos outros de um modo que não é possível para nenhuma outra criatura da Terra. Da perspectiva da vida como espelho da consciência, a postura ereta é também uma metáfora para a nossa capacidade de "passar por cima" das provações e dos desafios da terra sob os nossos pés.
O "olhar dos" é talvez a mais significativa das dádivas que recebemos dos anjos. É costume dizer que os olhos são "as janelas da alma".
Olhar nos olhos uns dos outros é muito mais do que um mero processo óptico. Por meio da visão que temos dos outros e da visão que permitimos que os tenham de nós, trocamos uma quantidade enorme de informações a respeito da nossa saúde, do nosso estado mental, dos nossos sentimentos e desejos de uma maneira que noe é exclusiva. Graças ao "olhar" que recebemos dos anjos, podemos curar ou destruir, amar ou odiar, conforme a mensagem que transmitimos.
Contrabalançando os traços que temos em comum com os anjos, temos quatro características que herdamos do "animal do campo"
1. "Comer e dormir".
2. "Expelir os resíduos do corpo".
3. "Propagar" a espécie.
4. "Morrer".
É claro que os autores desses textos acreditavam que, como descendentes de Adão, trazemos a centelha que nos liga ao Criador, o que não acontece com nenhuma outra espécie.
Detalhes importantes a respeito da natureza da alma são encontrados no Haggadad. Com títulos como Os Anjos e a Criação do Homem e A Criação de Adão, o texto conta que Adão recebeu a essência de Deus como alma. Ao falar das qualidades da centelha de Deus, o texto faz uma referência clara à natureza feminina da alma humana. "Pois Deus tinha moldado sua (de Adão) alma com especial cuidade. Ela é a imagem de Deus e, assim como Deus preenche o mundo, assim a alma preenche o corpo humano".
Essa pasagem nos dá dois indícios importantes da natureza de Deus.
Primeiro, ela nos diz que o corpo da Adão foi imbuido de uma força feminina. Embora isso nõ impeça que outros aspectos espirituais de Adão sejam masculinos, fica claro que a essência infundida no primeiro ser da nossa espécie era feminina. Em segundo lugar, ao contrário das interpretações tradicionais, em que Deus é "Ele", a passagem sugere que a natureza feminina da alama de Adão é pelos menos em parte, idêntica à do Criador.
Embora discutam a natureza da alma e de Deus sobre a Terra, esses textos deixam claro que o "espírito" de Deus é uma força separada e distinta, que se juntou a Adão depois da criação do seu corpo. Como falta esse nível de detalhes às traduções bíblicas convencionais, nossa visão da natureza do corpo e do espírito se limita e geral à conhecida passagem do Gênesis na versão do Rei Jaime: "E formou o Senhor o homem do pó da terra, e soprou e seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente".
Essa frase, que descreve o mesmo momento na criação da vida humana, combinada a passagens mais antigas e mais específicas, contribui para a compreensão geral da singularidade que há no âmago da nossa existência. O poder misterioso da nossa alma permite que tornemos a vida melhor e deixemos um mundo mais digno para os que virão depois, o que não é permitido a nenhuma outra criatura da Terra."
Autor: Gregg Braden - O livro O código de Deus- cultrix
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