RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

O DESEJO E A VONTADE

Durante muito tempo considerei que essas duas palavras tinham o mesmo significado. Uma hora era o desejo de, em outra, a vontade de.. só mudava a circunstancia.
Então chega a maturidade, com ela a consciência das "armadilhas" mentais na repetição dos mesmos pensamentos, então o que é desejo e vontade passam ter uma representatividade individual.
O desejo é do Ego a Vontade Alma. Comecei a perceber que o desejo forma uma espécie de "cubículos" construidos através da emanação das emoções (raiva, medo, ilusão euforia, apegos) estabelecendo crença do "ter" para ser feliz, numa equação desejo= ansiedade+expectativa = algumas das vezes resultando em frustações. Com o desejo é assim: "vou mudar... vou pagar na mesma moeda.. ah! como eu queria.. expressões verbalizadas mais que na maioria das vezes acabam ficando no âmbito mental gerando problemas emocionais e por que não dizer físicos.
O desejo é conhecido, sabemos como ele que nos aprisiona, num  ritmo repetitivo, fazendo com que usemos máscaras para esconder o "real" desejo.
E a vontade? ela liberta a alma da ilusão, através do silêncio, da determinação, aceitação, confiança e o exercício que considero o mais importante o do cultivo da paciência. A paciência que traz amplitude do olhar de "perceber", do sentir, quietude da respiração para traçar objetivos reais, o saber que seja qual for o caminho escolhido não estará desamparado.
Nesse momento, que surgiu essas duas palabras, compreendo que na escada evolutiva da consciência, faz-se necessário galgar os degraus calmamente, so passando para o próximo quando toda compreensão estiver estabelecida, sem arrependimentos.
Percebo o quanto é difícil. O desejo pode ser previsível, A vontade não impõe garantias e o que separa esses degraus é uma palavra tão banalizada chamada fé.
... Parece que o folego vai faltar.
Esse é o meu momento, começar a mudar de grau experimentando a fé como um cajado que me apoia e sustenta.

domingo, 1 de maio de 2011

REFLEXÕES DO OUTONO

"Jogue uma pedrinha num lago:
surgem círculos concêntricos num
movimento crescente e harmonioso,
que pouco a pouco se aquieta e devolve
a placidez ao lago.

Esta imagem é uma amostrinha da
dinâmica do universo. Inspira, expira,
enche, esvazia, sobe, desce, entra, sai.
A cada ação corresponde uma ação
igual e contrária.

O correr das estações do ano também
traz este movimento. Enquanto
primavera e verão fazem crescer e expandir, outono e inverno fazem
encolher e secar.
...O outono representa perdas e transformações.
Da árvore, caem as folhas. Dos frutos, resta
a semente. Já vão longe o espírito criativo da primavera e a plenitude amorosa do verão.
Surge um desejo de recolhimento, e a capacidade
de realização do ser humano se exprime na
tranquilidade, na paz.
... Diz o Livro do Imperador Amarelo: "No outono é sábio deitar cedo e levantar cedo, como o cantar do galo, e ter o espírito sereno, a fim de minimizar a punição do outono.
Alma e espírito devem unir-se para que a exalação do outono seja tranquila,
e para conservarem seus pulmões puros as pessoas não devem dar expansão aos seus desejos."
... Melancolia, depressão, sensação de que a vida não vale
a pena, sentimento do amor impossível, nostalgia, desânimo: é esse tipo de sentimento que fere os pulmões,
tornando a respiração pouco eficiente.
Respirando mal, nossa troca com o universo é ruim - não renovamos a carga de oxigênio,
necessária para alimentar as células, e eliminarmos pouco gás carbônico,o que nos mantém intoxicados.
Para respirar bem, temos que observar três aspectos: ritmo, profundidade e duração.
A respiração lenta acalma, deixa a pessoa pacífica e compreensiva, produz clareza de pensamento.
Ajuda a desenvolver uma percepção mais ampla de todos os fenõmenos, aprofunda o autoconhecimento
e a consciência. Diminui o ritmo das atividades biológicas e a temperatura tende a baixar.
A respiração rápida excita, produzindo um estado menatl instável. A pessoa muda de emoções bruscamente
e tem reações inesperadas; torna-se mais subjetiva e egocêntrica,
vê mais os detalhes que o todo, fica mesquinha.
A respiração profunda gera harmonia entre todas as funções do corpo, trazendo mais satisfação,
estabilidade emocional, confiança e capacidade de expressão. Facilita a meditação e o sentimento amoroso.
A respiração superficial gera carência, já que não supre as necessidades orgânicas de oxigênio, e isso se reflete no estado mental e emocional. A pessoa fica medrosa, volúvel, insegura, ruim de memória e de intuição.
A respiração longa dá poder de concentração, traz paciência, calma, tolerância, desenvolve a visão
profunda e a consciência do aqui-agora. A memória e a visão do futuro se tornam extensas e claras.
A respiração curta é dispersiva, gera um ritmo irregular.
Traz impaciência, intolerância, mau humor, conflitos, dificuldade de adaptação e apego aos detalhes.
Conclusão: a respiração lenta, longa e profunda cria dentro de nós um pequeno paraíso, e ainda por
cima combina com o outono. Pode ser melhor.

Texto do livro Meditando na Cozinha - Crônicas & Receitas - Sonia Hirsch