"Jogue uma pedrinha num lago:
surgem círculos concêntricos num
movimento crescente e harmonioso,
que pouco a pouco se aquieta e devolve
a placidez ao lago.
Esta imagem é uma amostrinha da
dinâmica do universo. Inspira, expira,
enche, esvazia, sobe, desce, entra, sai.
A cada ação corresponde uma ação
igual e contrária.
O correr das estações do ano também
traz este movimento. Enquanto
primavera e verão fazem crescer e expandir, outono e inverno fazem
encolher e secar.
...O outono representa perdas e transformações.
Da árvore, caem as folhas. Dos frutos, resta
a semente. Já vão longe o espírito criativo da primavera e a plenitude amorosa do verão.
Surge um desejo de recolhimento, e a capacidade
de realização do ser humano se exprime na
tranquilidade, na paz.
... Diz o Livro do Imperador Amarelo: "No outono é sábio deitar cedo e levantar cedo, como o cantar do galo, e ter o espírito sereno, a fim de minimizar a punição do outono.
Alma e espírito devem unir-se para que a exalação do outono seja tranquila,
e para conservarem seus pulmões puros as pessoas não devem dar expansão aos seus desejos."
... Melancolia, depressão, sensação de que a vida não vale
a pena, sentimento do amor impossível, nostalgia, desânimo: é esse tipo de sentimento que fere os pulmões,
tornando a respiração pouco eficiente.
Respirando mal, nossa troca com o universo é ruim - não renovamos a carga de oxigênio,
necessária para alimentar as células, e eliminarmos pouco gás carbônico,o que nos mantém intoxicados.
Para respirar bem, temos que observar três aspectos: ritmo, profundidade e duração.
A respiração lenta acalma, deixa a pessoa pacífica e compreensiva, produz clareza de pensamento.
Ajuda a desenvolver uma percepção mais ampla de todos os fenõmenos, aprofunda o autoconhecimento
e a consciência. Diminui o ritmo das atividades biológicas e a temperatura tende a baixar.
A respiração rápida excita, produzindo um estado menatl instável. A pessoa muda de emoções bruscamente
e tem reações inesperadas; torna-se mais subjetiva e egocêntrica,
vê mais os detalhes que o todo, fica mesquinha.
A respiração profunda gera harmonia entre todas as funções do corpo, trazendo mais satisfação,
estabilidade emocional, confiança e capacidade de expressão. Facilita a meditação e o sentimento amoroso.
A respiração superficial gera carência, já que não supre as necessidades orgânicas de oxigênio, e isso se reflete no estado mental e emocional. A pessoa fica medrosa, volúvel, insegura, ruim de memória e de intuição.
A respiração longa dá poder de concentração, traz paciência, calma, tolerância, desenvolve a visão
profunda e a consciência do aqui-agora. A memória e a visão do futuro se tornam extensas e claras.
A respiração curta é dispersiva, gera um ritmo irregular.
Traz impaciência, intolerância, mau humor, conflitos, dificuldade de adaptação e apego aos detalhes.
Conclusão: a respiração lenta, longa e profunda cria dentro de nós um pequeno paraíso, e ainda por
cima combina com o outono. Pode ser melhor.
Texto do livro Meditando na Cozinha - Crônicas & Receitas - Sonia Hirsch
RHEBECKA SOUZA
Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.
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