RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

O DEVER

O dever é a obrigação moral, primeiro para consigo mesmo, e depois para com os outros. O dever é a lei da vida: encontramo-lo nos mínimos detalhes, como nos atos mais elevados. Quero falar aqui somente do dever moral e não do que se refere às profissões.
Na ordem dos sentimentos, o dever é muito difícil de ser cumprido, porque se encontra em antagonismo com as seduções do interesse e do coração. Suas vitórias não tem testemunhas e suas derrotas não sofrem repressão. O dever íntimo do homem está entregue ao seu livre-arbítrio: o aguilhão da consciência, esse guardião da probidade interior, o adverte e sustenta, mas ele se mostra frequentemente impotente diante dos sofismas da paixão. O dever do coração, fielmente observado, eleva o homem. Mas como precisar esse dever? Onde ele começa? Onde acaba? O dever coeça precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo, e termina no limite que não desejaríes ver transposto em relação a vós mesmos.
Deus criou todos os homens iguais para a dor, pequenos ou grandes, ignorantes ou instruidos, sofrem todos pelos mesmos motivos, a fim de que cada um pese judiciosamente o mal que pode fazer. Não existe o mesmo critério para o bem, que é infinitamente mais variado nas suas expressões. A igualdade em relação à dor é sublime previsão de Deus, que quer que os seus filhos, instruidos pela experiência comum, não cometam o mal desculpando-se com a ignorância dos seus efeitos.
O dever é o resumo prático de todas as especulações morais. É uma intrepidez da alma que enfrenta as angústias da luta. É austero e dócil, pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, mas permanecendo inflexível diante das tentações. O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais que as criaturas, e as criaturas mais que a si mesmo; é, a um só tempo, juiz e escravo na sua própria causa.
O dever é o mais belo galardão da razão; ele nasce dela, como o filho nasce da ma~e. O homem dever amar o dever,não porque ele o preserve dos males da vida, aos quais a humanidade não pode subtrair-se, mas porque ele transmite à alma o vigor necessário ao seu desenvolvimento.
O dever se engrandece e esplende, sob uma forma sempre mais elevada, em cada uma das etapas superiores da humanidade. A obrigação moral da criatura para com Deus jamais cessa, porque ela deve refletir as virtudes do Eterno, que não aceita um esboço imperfeito, mas deseja que a grandeza da sua obra resplandeça aos seus olhos.
Lázaro, Paris, 1863 -Do livro o Evangelho Segundo o Espiritismo

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