" Nada atormenta mais o ser humano do que seus ódios.
Sempre que confrontado por um rival ou ameaçado por um antagonista, o ser humano experimenta a liberação de hormônios de seu instinto animal. Em condições anteriores à consciência humana, esses hormônios determinavam a escolha entre o ímpeto do ataque ou a submissão. A natureza garantia assim a sobrevivência dos seres, fosse pela eleição do enfrentamento, quando se percebiam capazes de bancar sua cobiça, ou pela fuga e subordinação, quando não se percebiam dominantes em determinado contexto.
No desenvolvimento da mente humana, o ataque evoluiu produzindo o sentimento de ódio ao outro e a submissão evoluiu para o ódio a si. O ódio é o elemento mental e emocional que justifica para um ser racional a sua agressividade. Em parte físico e em parte psíquico, o ódio é um híbrido humano que atende ao intuito de enfrentar. Ao mesmo tempo, a subordinação produz no ser humano uma forma de menos-valia e capitulação, pela qual ele despreza a si mesmo.
Tanto o ódio ao outro quanto o ódio a si ampliam o espectro do medo na experiência humana. O ódio propõe implicitamente o ataque, mas em geral não o faz. Por convenções sociais ou por sublimação, aquele que odeia reprime seu ímpeto de ataque. Desta forma, mantêm em si um alto nível de medo, já que o enfrentamento pressupõe este sentimento como instinto de autopreservação. O ódio a si, mais ainda, é um estado permanente de temor, uma condição de sujeição sempre à espera do golpe fantasiado. Em ambos os casos, o sentimento determinante é o medo. Se observarmos com cuidado, veremos que todos os nossos ódios são fomentados pela insegurança e pelo medo.
Parte deste desenvolvimento ocorreu porque o ser humano tem duas esferas de integridade e proteção.
Enquanto o mundo animal conhece apenas a luta pela sobrevivência física, o ser humano tem que preservar não apenas seu corpo, mas também sua identidade.
Qualquer ataque a estes fundamentos da identidade coloca o ser humano sob o mesmo estado de alerta como o que se encontra quando sua vida está em risco.
Toda vez em que o outro confronta seu fundamento, o ser humano entende que este é um ataque que só pode ser administrado no campo do ódio. Pelo menos, essa é sua postura inicial e natural. A busca milenar por paz representa a busca por uma alternativa a essa situação. A tal tolerância, ou mesmo sua versão mais radical, a aceitação, só será possível quando o outro e seus fundamentos puderem ser percebidos num território diferente de um confronto ou de uma submissão.
Trecho do livro Tirando os Sapatos - Nilton Bonder - Ed. Rocco
RHEBECKA SOUZA
Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.
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