RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


sábado, 20 de julho de 2013

O ASTRÁGALO

" Quem torce o tornozelo não pode mais, como Hefestos, o ferreiro dos deuses, dar grandes saltos. Ele quebrou seus dois astrágalos quando sua mãe o arremessou do céu para a terra, e a partir de então ele ficou coxo. Algo semelhante acontece com aqueles que dão saltos grandes demais e aterrissam com demasiada dureza sobre o chão dos fatos. A exigência é clara: permanecer no chão e escalar degrau a degrau, lenta e constantemente. Os grandes saltos estão vetados pelo destino.
Para as pessoas que estavam sempre saltando para diante, ficar coxo é uma dura terapia. Quando eles aprendem a abrir caminho avançando penosamente pelos vales da vida, o gesso que têm no pé parece uma bola de ferro. Mas ele pode tornar-se também a âncora que o mantém preso ao corpo e o impede de pular fora fisicamente e sair da raia. Justamente o corpo preso ao chão pode transformar-se na base ideal para saltos aéreos espirituais e vôos de altitude.
O astrágalo, que se encontra sobre a abóbada do pé, é a origem de nossa postura ereta, mas também da possibilidade de negá-la. O salto para o plano dos deuses somente pode ser bem-sucedido a partir daqui. Mas aqui são também vingados os passos em falso. Quando torcemos o pé, estamos sendo repreendidos severamente, na fratura nós temos um estalo.
A lição a ser aprendida resulta do acidente: os afetados precisam admitir que estão apoiados em falso, que aterrissam de forma muito pouco flexível quando saltam, que após seus altos vôos levam uma bronca da realidade ou seja, que o contato entre o mundo dos pensamentos e a realidade não é harmônico e trilha caminhos perigosos. Eles estão sendo desafiados a retirar seu corpo do duro confronto com a realidade, garantir melhor suas rotas de fuga e amortecer as aterrissagens, testar em pensamento os caminhos pouco claros e ousados antes de executá-los na materialidade,Os ferimentos por ela causados os forçam ao descanso e os levantam pelos pés. É preciso poupar o corpo e, nesse descanso externo, empenhar-se mais na mobilidade e nos saltos espirituais internos. O coxo Hefestos, impedido de progredir fisicamente, tornou-se um criativo inventor e conquistou assim o lugar no céu que antes lhe era negado" Rudiger Dahlke - A Doença Como Linguagem da Alma

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