RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


terça-feira, 1 de março de 2011

ESCOLHER O LADO NA GUERRA DO BEM CONTRA O MAL

"Do momento da concepção até o último suspiro, o homem tem de travar, em cada encarnação, batalhas inumeráveis - biológicas, hereditárias, bacteriológicas, fisiológicas, climáticas, sociais, éticas, poíticas, sociológicas, psicológicas, metafísicas-, variedade enorme de conflitos interiores e exteriores. As forças do bem e do mal * competem pela vitória em todos os encontros. Toda a intenção do Gita é alinhar os esforços do homem com o Dharma, ou o que é correto. A meta definitiva é a Autorrealização, a percepção do verdadeiro Eu do homem, a alma como feita à imagem de Deus, unificada com a bem-aventurança sempre nova, sempre-consciente e sempre-existente do Espírito.
A primeira competição da alma, em cada encarnação, se dá com outras almas que buscam o renascimento. Quando da união do espermatozóide com o óvulo para começar a formação de um novo corpo humano, aparece uma cintilação de luz no mundo astral, o lar celeste das almas entre as encarnações. Essa luz emite um padrão que atrai a alma de acordo com seu Karma - as influências que ela própria criou pelas ações em vidas passadas. Em cada encarnação, o Karma, age parcialmente por meio de forças hreditárias; a alma de uma criança é atraída para uma família em que a hereditariedade seja compatível com o Karma passado dessa criança. Muitas almas diligenciam entrar nessa nova célula de vida. Apenas uma será vitoriosa. (Nos casos de concepção múltipla, existe mais de uma célula primordial.)
No corpo da mãe, o nascituro luta contra as doenças, a escuridão e sentimentos periódicos de limitação e frustação, à medida que a consciência da alma, na criança que ainda não nasceu, recorda-se da maior liberdade de expressão durante a temporada astral e, em seguida, a esquece gradualmente. A alma no embrião também tem de enfrentar o Karma que influencia, para o bem ou para o mal, a formação do corpo em que agora residindo. Além disso, sofre as influências das vibrações que a alcançam vindas do exterior - o ambiente e as ações da mãe, sons e sensações externos, vibrações de amor e ódio, de paz e raiva.
Após o nascimento, as lutas do infante se dão entre seus instintos de buscar conforto e sobrevivência e o relativo desamparo antagônico do instrumento corporal imaturo.
A criança começa sua primeira luta consciente quando tem de escolher entre o desejo de brincar despreocupadamente e o desejo de aprender, estudar e seguir um curso de educação sistemática. Gradualmente, surgem batalhas mais graves que lhe são impostas pelos instintos cármicos interiores ou pela má companhia e pelo ambiente exterior.
De repente, o jovem se vê confrontando com grande número de problemas para os quais está frequentemente mal preparado: as tentações do sexo, da gula, da prevaricação, de ganhar dinheiro por meios
fáceis mas duvidosos, a pressão das companhias com que anda e das influências sociais. É comum que o jovem descubra que não tem uma espada de sabedoria com que combater os exércitos invasores das experiências mundanas.
O adulto que vive sem cultivar e sem empregar os poderes inatos da sabedoria e do discernimento espiritual descobre inexoravelmente que o reino de seu corpo e de sua mente está sendo tomado pelos desejos errados, pelos hábitos destrutivos, pelo fracasso, pela ignorância peladoenças e pela infelicidade, que se rebelam e são produtores de um estado miserável.
Poucos homens chegam a se dar conta de que em seu reino há um permanente estado de guerra. Geralmente, só quando esse reino está quase completamente arrasado é que os homens percebem, indefesos, a triste ruína de sua vida. Os conflitos psicológicos por saúde, prosperidade, autocontrole e sabedoria têm de ser reiniciados todos os dias, para que o homem se adiante na direção da vitória, reconquistando, centímetro por centímero, o território da alma ocupado pelos rebeldes da ignorância.
O iogue, o homem que está despertando, é confrontado não apenas com as batalhas exteriores, travadas por todos os homens, mas também com o entrechoque interno entre as forças negativas da inquietude (que suegm de manas, ou consciência dos sentidos) e o poder positivo do desejo e do esforço para meditar (apoiado pela inteligência, Buddhi), ao tentar estabelecer-se de novo no reino espiritual interior da alma: os centros sutis da vida e da consciência divina, na coluna vertebral e no cérebro.
Portanto, o Gita aponta, logo na primeira estrofe, a primordial necessidade que o homem tem de introspecção todas as noites, de modo que possa distinguir claramente que força - o bem ou mal - venceu a batalha cotidiana. Para viver em harmonia com o plano de Deus, o homem precisa repeir para si próprio, todas as noites, a indagação sempre pertinente:"Reunidas no espaço sagrado do corpo - o campo das ações boas e más-, que fizeram minhas tendências opostas? Que lado, nesta guerra incessante, venceu hoje? Vamos, me diga: as más tendências corruptas, tentadoras, e as forças opostas da autodisciplina e do discernimento, que fizeram:"
* "Bem" sendo aquilo que expressa a verdade e a virtude e atrai a consciência para Deus, e "mal" sendo a ignorância e a ilusão, aquilo que afasta de Deus a consciência.

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