"Hoje encontramos a explicação para o campo além do certo e do errado de Rumi na sabedoria da benção. Talvez contrariamente à crença popular de que ao abençoarmos alguma coisa colocamos nela nosso selo de aprovação, essa forma não contemporiza nem desestimula ou incentiva qualquer ação, circunstância ou evento. Ela não concorda nem discorda de qualquer ponto de vista. Simplesmente reconhece o que aconteceu. O ato de reconhecer sem julgar é a abertura que possibilita que a cura se inicie.
E a razão é esta: quando algo nos atinge tão seriamente que precisamos reagir, reprimir ou repelir, a nossa tendência é não dar atenção ao que sentimos. É assim que lidamos com muitas experiências. Isolamos a emoção que envolve o que experimentamos e a ocultamos nas profundezas do nosso íntimo para que não machuque mais. Mas a dor não "vai embora" simplesmente. Ela fica onde a depositamos. Então, no momento em que menos esperamos, ela encontra um modo de retornar à superfície, muitas vezes de uma forma que nunca escolheríamos. Isso é especialmente comum em pessoas que viveram episódios emocionalmente traumáticos que podem variar desde cenas em campos de batalha e estupro até abusos praticados contra crianças e violência doméstica.
A fúria desproporcional que pode emergir nesses momentos muitas vezes encontra suas raízes no choque de uma experiência vivida na infância que não foi possível resolver quando aconteceu. Nesses casos, um comentário aparentemente inocente e espontâneo feito por alguém que prezamos ou por um colega de trabalho pode se tornar o gatilho que desperta esse sofrimento do passado.
A nossa capacidade de "reprimir" é o mecanismo de defesa que nos permite prosseguir na vida, sem precisar lidar com o sofrimento imediato de algo que atinge os nossos sentidos e a nossa sensibilidade. Ao mesmo tempo, as emoções que foram criadas dentro de nós ainda estão presentes, embora enterradas. Tim Laurence vê o reconhecimento do sofrimento como um passo desconfortável, mas necessário, para a cura. "É um processo de catarse emocional", diz ele, "que dá à pessoa condições de superar o sentimento de ter sido tratada injustamente".
Alguns podem achar que o mecanismo de defesa de disfarçar o sofrimento funciona tão bem, de fato, que acreditam ter curado a experiência. Podem inclusive acreditar que esqueceram o que os fez sofrer inicialmente. O corpo, porém, não esquece. Estudos mostram que o DNA e as células do nosso corpo estão em comunicação direta com os sentimentos que temos com relação à nossa vida. Para cada sentimento, o corpo cria uma química semelhante. Com a liberação de hormônios auspiciosos à vida, como o DHEA, ou danosos à vida, como o cortisol, nós sentimos literalmente o que pode ser chamado de química do "amor" e química do "ódio".
Sabemos intuitivamente que isso é verdade porque percebemos que a alegria e a estima têm uma influência positiva sobre o nosso corpo, fazendo sentir-nos cheios de energia e mais leves, ao passo que o ódio e o medo têm o efeito contrário. Algumas tradições holísticas sugerem inclusive que doenças como o câncer são expressões de raiva, ressentimento e culpa não resolvidos que emergem de partes do corpo onde foram depositados anos antes. Embora talvez não possamos provar isso cientificamente no momento, a correlação entre o trauma emocional e os órgãos a ele associados existe claramente e merece mais estudo. Com essa compreensão em mente, parece que negligenciar as coisas que nos causam sofrimento pode ter efeitos prolongados que não nos interessam absolutamente.
Faz sentido encontar uma maneira de transformar algo que nos causa sofrimento numa nova experiência que nos seja proveitosa.
Podemos fazer isso dando-nos conta desse algo e permitindo que se movimente "através" do corpo. É aqui que a bênção entra no processo de cura.
RHEBECKA SOUZA
Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.
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