RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

CAMINHOS DA REALIZAÇÃO

... Maria está sentada aos pés de Jesus e, durante este tempo, Marta arruma a casa e prepara o almoço. Marta se irrita um pouco: "Vejo minha irmã sentada a teus pés enquanto eu trabalho". Podemos compreendê-la. Enquanto uma prepara a mesa para Jesus, a outra está lá, imóvel, sem nada fazer. Vocês conhecem a resposta de Jesus: "Marta,Marta..tu te inquietas, tu te preocupas com muitas coisas. Uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta melhor parta não lhe será tirada."
Se olharmos o texto mais de perto, nos damos conta de que Jesus não censura Marta por trabalhar. Ele não censura sua avaliação. O que ele censura é a sua inquietação, a sua preocupação. E este é, também, um grande ensinamento para nós.
Porque algumas vezes tomamos por ações verdadeiras o nosso nervosismo, as nossas inquietações, as nossas preocupações.
E, algumas vezes, é a preocupação que nos impede de agir. O que Jesus censura em Marta é, sobretudo, o seu estrabismo. Dois olhos, que olham cada um para uma direção.
"Uma única coisa é necessária." uando comparamos, passamos ao largo de único necessário. A comparação faz com que nós não percebamos o único necessário. A "melhor parte" não é somente a contemplação, não é ver Jesus. A melhor parte é olhar em direção a ele, é termos o desejo orientado para o Ser.
E se nosso desejos é orientado para o Ser, nós podemos ter momentos de contemplação e momentos de ação. Não é necessário opor um ao outro.
Ser humano é ser capaz de ação e ser capaz de contemplação. Mas o único necessário nesta ação ou nesta contemplação, no trabalho ou no repouso, é amar o Ser. Assim não se trata de comparar, na vida, as ações de uns e de outros. O importante é que sejamos sinceros, que cada um de nós seja autêntico, porque cada um de nós tem a sua maneira particular de amar. Pode-se amaz cozinhando ou pode-se amar rezando no segredo do seu quarto. Não se pode dizer que haja maior amor na oração do que cozinhar com um coração generoso.
Marta representa um lado de nós, que calcula, que mede e compara. Trata-se de reencontrar Marta em união com Maria. Marta e Maria são como os dois olhos de um olhar. Os dois olhando em direção ao Único. Trata-se de unir em nós, Marta e Maria, a contemplação e ação, o silêncio e a palavra.
Orientando o desejo dos dois em direção ao Um. E não comparar....)
JEAN-YVES LELOUP

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