RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

SOU EU

(...) "o ar em nossos pulmões é o mesmo que movimenta os oceanos e fustiga os desfiladeiros mais escarpados. A água que compõe mais de 98% do sangue que corre em nossas veias é a mesma água que uma vez formou os grandes oceanos e as nascentes das montanhas... Somos seres unidos à Terra, em vez de separados dela. (...) Somos avisados de que os desequilibrios impostos à natureza se refletem nas condições internas de nosso corpo..." (Greg Braden - O Efeito Isaías).

Lembro de uma propaganda que vejo veiculada no período das chuvas: Não joguem lixo nos canais. Recordo então da Medicina Chinesa quando fala dos meridianos ou Canais de energias que fluem pelo nosso corpo e órgãos, proporcionando saúde, vitalidade e bem estar. Meridianos unem o corpo e o espírito.
Quando eles são "entupidos" pela alimentação inadequada, emoções conflitantes, desconexão com o Divino, então surgem as doenças.

Um dia um dos meus "canais" ficou cheio de lixo e... transbordou num mioma.
Na época eu já tinha conhecimento que temos um corpo mental, emocional, espiritual e físico; só não compreendia que eram tão interligados.
Depois da noticia que seria necessária uma cirurgia, muito prática, objetiva e rígida providenciei os exames e definida a data, me dirigi ao hospital. No meu pensamento seria algo rápido.Grande engano. Ao chegar fui encaminhada para uma enfermaria onde mais quatro mulheres aguardavam para fazer o mesmo procedimento; aliás, percebi que haviam mais duas enfermarias onde também outras mulheres estavam esperando o mesmo. Levei um susto, não fazia idéia da quantidade de mulhes histerectomizadas (algumas que conheci muito jovens sequer haviam experienciado a maternidade).
Refeita do choque não me restou alternativa, a não ser "observar" todo o cenário e personagens.
Ninguém falava - ás vezes alguns monossílabos - como se não quisessemos partilhar nada, ou talvez fosse o medo de começarmos a chorar. Como éramos parecidas.
Meu mental perguntava: Por que estou aqui? meu coração respondia: Não é "porque "e sim "para que estou aqui" o que preciso aprender de mim nesse momento. Observar sem julgar.
Surpresa! não fui a primeira a ser encaminhada ao centro cirúrgico e sim a última. Ao observar aquelas mulheres retornar ao quarto com a dor estampada em cada rosto, me perguntava: Porque não choram? (contidas que nem eu) lembro-me de uma delas que cobriu-se da cabeça aos pés, outras aceitaram um pouco de ajuda, mas mantendo distância.
Comecei a pensar: será esse o preço a pagar para sustentar o orgulho, a rigidez, obstinação? mutilando meu corpo até só restar um olhar vazio, solidão. A decisão era minha. Por isso quando retornei da cirurgia, pedi ajuda à enfermeira para calçar meus pés, me cobrir, então chorei, e enquanto chorava pedia perdão ao meu corpo, ao meu feminino, realizei um casamento com meus quatro corpos: Mente, Alma, Emoção, Corpo num compromisso de amor, respeito, fidelidade, cumplicidade. Visualizei uma luz azul a me envolver e dentro dela "uma mão" que segurei fortemente, então me acalmei e dormi.
Acordei bem, sem pressa, esperei todos os procedimentos, firme no compromisso assumido aceitei ajuda para ir ao banheiro, com todo cuidado.
Outra surpresa: Fui informada que havia recebido muitas ligações de pessoas que estavam preocupadas comigo, queriam saber noticias. Foi um conforto; fiquei esperando o horário de visitas, sentia saudades da minha filha Taís, não sabia se seu pai iria levá-la, mas ele a levou. Quando ela chegou trouxe o sol, naquele momento comecei a acreditar em "possibilidades".
Recebi a visita de companheiras dos grupos de terapia que participava todas muito solidárias e amorosas.
Acreditando que tudo é possível e me disponibilizando a quebrar resistencia aceitei quando meu ex-marido ofereceu ajuda ao segurar o soro para que eu pudesse ir ao banheiro, agradeci.
Ao sair do hospital, fiquei em casa me cuidando, nada de voltar ao trabalho.
Começava um longo aprendizado.


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