RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

RETRATOS DE AMOR - Rubem Alves

O ouvido é feminino, vazio que espera e acolhe, que permite ser penetrado. A fala é masculina, algo que cresce e penetra nos vazios da alma.

O corpo é um lugar maravilhoso de delícias. Mas todo amor construido sobre as delícias do corpo tem vida breve. A chama se apaga tão logo o corpo tenha esvaziado do seu fogo. O seu triste destino é ser dacapitado pela madrugada. Não é eterno, posto que é chama.

Uma pessoa é bela, não pela beleza dela, mas pela beleza do olhar que se reflete nela.

O amor vive neste sutil fio de conversação, balançando-se entre a boca e o ouvido.

O segredo do amor é a androgenia: somos todos, homens e mulheres, masculinos e femininos ao mesmo tempo. É preciso saber ouvir. Acolher. Deixar que o outro entre dentro da gente. Ouvir em silêncio. Sem expulsá-lo por meio de argumentos e contra-razões. Nada mais fatal contra o amor que a resposta rápida. Alfange que decapita.

Há pessoas muito velhas cujos ouvidos ainda são virginais: nunca foram penetrados. E é preciso saber falar.
Há certas falas que são um estupro. Somente sabem falar os que sabem fazer silêncio e ouvir.

E, sobretudo, os que se dedicam à difícil arte de adivinhar. Adivinhar é discernir como próprio coração, os mundos adormecidos que habitam os vazios do outro.

Aqueles que se dedicam à sutil e deliciosa arte de "fazer amor" com a boca e o ouvido (este órgãos sexuais que nunca vi mencionados nos tratados de educação sexual...) podem ter a esperança de que as madrugadas não terminarão com o vento que apaga a vela, mas com o sopro que a faz reacender.

sábado, 29 de janeiro de 2011

FAZENDO O NÃO - FAZER

O não-fazer não tem nada a ver com ser indolente ou passivo. Pelo contrário. Muita coragem e energia são necessárias para cultivar o não-fazer, tanto na tranquilidade como na atividade. E também não é fácil conseguir um tempo exclusivo para o não-fazer e ser fiel a ele diante de tudo o que precisa ser feito em nossas vidas.
Mas o não-fazer não precisa ser uma ameaça para as pessoas que acham que sempre têm algo para fazer. Elas podem descobrir que poderiam ter feito mais, e feito melhor ao praticar o não-fazer. O não-fazer significa simplesmente deixar que as coisas aconteçam e se desenvolvam de sua própria maneira. Um grande esforço pode estar envolvido, mas ele é gracioso, inteligente, um esforço sem esforço, uma "ação sem agente", cultivada por toda vida.
A atividade sem esforço acontece em alguns momentos da dança e dos esportes, no mais alto grau de desempenho; quando acontece, suspende a respiração de todo mundo. Mas também acontece, em qualquer área da atividade humana, desde pintar até consertar um carro ou cuidar dos filhos. Anos de prática e experiência juntam-se em algumas ocasiões, dando origem a uma nova capacidade que permite que a execução desabroche além da técnica, além do empenho, além do pensamento. A ação torna-se então pura expressão da arte, de ser, do abandono de todo fazer - uma fusão da mente com o corpo em movimento. Nós nos emocionamos ao assistir a um desempenho fabuloso, seja atlético ou arístico, porque ele nos permite participar, com elevação de encanto de uma verdadeira maestria, mesmo que rapidamente, e talvez partilhar a idéia daquilo que cada um de nós da sua própria maneira, pode atingir em tais momentos de graça e harmonia, ao vivermos nossas próprias vidas.
Thoreau disse: "Influenciar a qualidade do dia, esta é a mais sublime das artes". Martha Graham, falando da arte da dança, assim expressou-se " Tudo que importa é este momento que se movimenta. Faça o momento ser vital e valer a pena ser vivido. Não o deixe escapar despercebido e inútil."
Nenhum mestre da meditação poderia ter dito algo mais verdadeiro. Podemos empregnar a nós mesmos como aprendizes deste ofício, sabendo muito bem que o não-fazer realmente é trabalho para toda uma vida; e sempre conscientes de que o hábito de fazer é normalmente tão forte em nós que cultivar o não-fazer ironicamente exige esforço considerável.
Meditação é sinônimo da prática do não-fazer. Não estamos praticando para fazer coisas perfeitas ou fazer perfeitamente as coisas. Mais do que isso, praticamos para captar e verificar (tornar real para nós mesmos) o fato de que as coisas já são perfeitas e plenamente satisfatórias como são. Isto tudo tem a ver com reter o momento presente em sua plenitude sem impor coisa alguma além dele, percebendo sua pureza e o frescor do se potencial, para permitir a ocorrência do próximo momento. Então, sabendo como as coisas são, e conscientes de que não sabemos mais do que realmente sabemos, agimos, nos movemos, tomamos uma posição, aproveitamos uma oportunidade. Algumas pessoas falam disso como fluxo, um momento fuindo sem emendas e sem esforço em direção ao próximo momento, embalado no leito da concentração.
Extraído do livro A Mente Alerta - Jon Kabat-Zinn

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

PRESENTE DE VERÃO

Verão é sinônimo de férias, época em que os fefos retornam a Salvador. Dias de muita alegria e novidades, a da vez foi a presença de Natália a mais nova mosqueteira do clã que nos brindou com seu sorriso e o olhar curioso sobre tudo que estava acontecendo. Mais quem roubou a cena foi Enzo com sua inteligência na altura dos seus quatro anos, que protagonizou cenas curiosas e muito divertidas. A que mais nos impressionou foi a que ele pediu a sua tia Débora para mostrar todo o espaço da Holambras e ao terminar o tour, entrou no escritório, se intitulou Presidente e demitiu as tias. Soube de fonte fidedigna que a mosqueteira Débora que mesmo sabendo que era de brincadiera, agarrou a sua inseparável máquina de calcular, a mosqueteira Uda que andava batendo pernas, com susto retornou rapidinho ao local de trabalho. Quanto a mosqueteira Patrícia ainda em férias recebeu a notícia em casa  e fazer o que? pensar em procurar emprego.
Como toda criança que gosta brincar, ele ficou no cargo por algum tempo, cargo este com direito a crachá e tudo o que tinha direito, resolveu readmitir as "funcionárias", soube que deu aumento de salário de 3.000 reais para a pessoa cuida de manter o espaço limpo e arrumado, estabeleceu uns dias de folga e foi com a mãe e a irmã para praia.
Momentos alegres inspira a sabores e a comemoração do aniversário de Xuxu foi o ápice. Almoço simples mais muito delicioso, dessa vez creditado a Régis que preparou tudo com muito cuidado e como ele falou: " Só sei fazer delícia" o que é verdade e aprovadíssimo. Não faltou as sobremesas que eu "passei" por não está mais gostando de comer doces reconhecendo que elas estavam muito bonitas. Uma tota de chocolate e outra sobremesa que segundo Patricia , chamava-se treme-treme (isso é lá nome de sobremesa?) e mesmo com tremedeira não sobrou nada.
Os fefos já foram a casa de Xuxu volta ficar silêncio quebrado pela presença da neta Marcela que está na fase da pré-adolescencia (capítulo a parte), as "funcionárias" readmitidas, agora é ficar no aguardo das próximas férias ou retorno a qualquer momento, das novidades que trarão "roubando" as cenas porque nossos corações foram "roubados" desde que nasceram.

sábado, 22 de janeiro de 2011

DEUS DÁ O FRIO.... CONFORME O COBERTOR...

Quantas frases usadas e "cristalizadas" como formas-pensamento no inconsciente coletivo.
Falo por mim e o quanto ouvi esta e outras que foram usadas para determinar uma postura que deveria ser assumida diante das dificuldades. As falava sem parar para pensar o que conscientemente elas "queriam" dizer e qual crença estava por trás desses dizeres.
Foi durante o trajeto do ônibus que utilizo, ouvindo duas mulheres conversando o tema, não fiquei atenta o "estalo" aconteceu quando num momento uma delas supirou e a outra falou:"Se conforme, Deus dá o frio conforme o cobertor" a outra objetou sobre uma possível alternativa mas, a outra insistia nas palavras e arrematou: "Deus quis assim" Opa! o "estalo" começou ampliar e quando dei por mim estava pensando na frase, e em que contexto a ouvi, em que momento estava vivenciando e mesmo depois de adulta a utilizei para justificar atitudes que deveria ser tomadas e as "adiei" usando a tal frase.
Comecei a pensar no "Deus" invocado para todo gosto e nescessidade. Se deu certo, palmas para Deus se não, Deus não quis.. Se Deus existe fulano vai me pagar.. vou entregar nas mãos de Deus.. o que ele resolver tá resolvido. Tá bom. E nossos pensamentos cheios de ódio e desejo de vingança ficam aonde? e a  quem atribuir a responsabilidade pelas palavras e atos? e o resultados dos nossos julgamentos.
Deus dá o frio? nunca Ele sempre é o cobertor. O "frio" fica por conta das escolhas individuais ou coletivas. Semeou? precisa colher. O tempo, esse é relativo.
Foi um ótimo aprendizado me senti muito bem, coração leve cada vez mais confiante na Fonte Que Tudo É  e agradecida pela sua presença em minha vida em forma de vários "cobertores" amigos.
Das muitas frases ouvidas existe uma que acho deprimente e ainda escuto muito (eu não digo nem por decreto) "Dias de muito.. véspera de nada" traduzindo, se a pessoa ficar feliz, alegre é sinal que logo virá momentos ruins.
Colocando numa linguagem atualizada, estou "deletando" todas. É algo para refletir.     

sábado, 15 de janeiro de 2011

MULHERES QUE CORREM COM LOBOS

O título do texto se refere ao livro escrito por Clarissa Pinkola Estés sobre mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. O conheci quando fazia terapia e foi de grande ajuda e sempre que posso relei-o pois seu conteúdo tem sempre algo a acrescentar no momento vivido.
A escritora que é psicóloga junguiana, ao estudar sobre os lobos percebeu semelhanças entre a loba e nós mulheres. Segundo ela :"Minha vida e meu trabalho como analista junguiana e cantadora, contadora de histórias, me ensinaram que a vitalidade esvaída das mulheres pode ser restaurada por meio de extensas escavações "psíquico-arqueológicas" nas ruínas do mundo subterrâneo feminino".
O livro traz histórias interessantes, muitas nossas conhecidas :Barba-Azul, patinho feio, mitos e lendas que até hoje fazem parte do universo inconsciente coletivo da humanidade, mas trazendo uma leitura baseada na compreensão da psiquê feminina.
Alguns trechos: (... As terra espirituais da Mulher Selvagem, durante o curso da história, foram saqueadas ou queimadas, com seus refúgios destruídos e seus ciclos naturais transformados à força em ritmos artificiais para agradar os outros....).
(.... Os lobos saudáveis e as mulheres saudáveis têm certas características psíquicas em comum: percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e matilha. Têm experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e extrema coragem...).
Mulher Selvagem um nome forte e que quando internalizado nos remete a lembrança da nossa "força" por muito tempo mal compreendida, e que por necessidade de sobrevivência passamos a distorcê-la. (.... Quando as mulheres ouvem essas palavras, uma lembrança muito antiga é acionada, voltando a ter vida. Trata-se da elmbrança do nosso parentesco absoluto, inegável e irrevogável com o feminino selvagem, um relacionamento que pode ter se tornado espectral pela negligência, que pode ter sido soterrado pelo excesso de domesticação, proscrito pela cultura que nos cerca ou simplesmente não ser mais compreendido. Podemos ter-nos esquecido do seu nome, podemos não atender quando ela chama o nosso; mas na nossa medula nós a conhecemos e sentimos sua falta. Sabemos que ela nos pertence; bem como nós a ela.....).
"(.... Quais os sintomas associados aos sentimentos de um relacionamento interrompido com a força selvagem da psique? Sentir, pensar ou agir segundo qualquer um dos seguintes exemplos representa ter um relacionamento parcialmente prejudicado ou inteiramente perdido com a psique instintiva profunda. Usando-se exxclusivamente das mulheres trata-se de sensações de extraordinária aridez, fadiga, fragilidade, depressão, confusão, de estar amordaçada, calada à força, desistimulada. Sentir-se assustada, deficiente ou fraca, sem inspiração, sem ânimo, sem expressão, sem significado, envergaonhada, com fúria crônica, instável, amarrada, sem criatividade, reprimida, transtornada.
Sentir-se impotente, insegura, hesitante, bloqueada, incapaz de realizações, entregando a própria criatividade para os outros, escolhendo parceiros, empregos ou amizades que lhe esgotam a energia, sofrendo por viver em desacordo com os próprios ciclos, superprotetora de si mesma, inerte, inconstante, vacilante, incapaz de regular a própria marcga ou de fixar limites....).
"(.....Uma vez que as mulhres a tenham perdido e a tenha recuperado, elas lutarão com garra para mantê-la, pois com ela suas vidas criativas florescem; seus relacionamentos adquirem significado, profundidade e saúde; seus ciclos de sexualidade, criatividade, trabalho e diversão são restabelecidos; elas deixam de alvos para as atividades predatórias dos outros; segundo as leis da natureza, elas tem igual direito a crescer e vicejar. Agora, seu cansaço do final do dia tem como origem o trabalho e esforços satisfatórios, não o fato de viverem enclausuradas num relacionamento, num emprego ou num estado de espírito pequeno demais. Elas sabem instintivamente quando as coisas devem morrer e quando devem viver; elas sabem bem como ir embora e como ficar....).
Poderia ficar horas escrevendo sobre meu reencontro com minha mulher selvagem, ou transcrevendo textos do livro então perderia graça e se tem algo que valorizo na mulher selvagem é o faro,  a curiosidade e a intuição que faz com que a sigamos e ela que nos diz:"Por aqui, por ali".
E para quem gosta de fazer promessas de finais de ano que tal começar "farejando" para reencontrar sua mulher selvagem.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SEGUINDO O MOVIMENTO....RESPEITANDO AS ESCOLHAS

Passada a correria e euforia das comemorações de final de ano em que não participo, colocando-me como mera expectadora porque já participei desses "rituais" das promessas e blá, blá, bla...
Tudo no universo tem movimento, nossos órgãos se movimentam, nossa mente (essa nem se fala). Falando em começar um novo ano comecei a me perguntar começar o que? fui percebendo que não tenho nada a começar porque os "novos projetos" são a continuação do que vem sendo conduzido há anos e quem sabe
por falta de coragem por conta dos medo da peda ea desculpa que "no próximo ano" vai tudo se resolver, talvez uma maneira de não se assumir responsabilidades pelas escolhas.
Na maioria das vezes as promessas trazem um peso como algo que não pode ser mudado, gerando uma cobrança em que fez a promessa e expectativa e ansiedade  no recebedor.
Promessa não é compromisso. A promessa pode ser dita num momento de paixão, raiva ou medo. O compromisso significa está comprometido no sentimento do amor e respeito por si mesmo, consciência de que não precisa ir além dos seus limites, "correndo orisco" de não ser aceito ou amado. Com a promessa corre-se o risco de ficar estagnado às vezes numa obstinação que acaba gerando desequilíbrios físicos, emocionais, mentais e espirituais. Compromisso combina com movimento, o movimento traz compreensão, transformação pensamentos e atitudes positivas.
Bem, compreendido a diferença entre promessa e compromisso, agora é partir para o exercíco da prática num movimento diário para o resto da vida.