RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

AUTO-REGULAÇÃO

" Sempre que o corpo é um sistema auto-regulável que expressa suas necessidades e procura satisfação - se está desidratado, manifesta sede; se está cansado, encosta, ou senta, ou deita; se está com calor procura a sombra, tira a roupa.
Auto-regulação, portanto, é uma característica do corpo de buscar o equilíbrio através de movimentos muitas vezes imperceptíveis.
Comeu muito açucar? O corpo tira cálcio das reservas para neutralizar a acidez que o açucar provoca.
Andou de sandália nova? O corpo faz uma bolha d'agua para proteger o dedo e acumular material que reponha a pele, talvez em várias camadasa calosas, se você insistir na sandália.
Até aí, nada de novo.
Agrande novidade para mim, é pensar que o corpo se auto-regula também em relação a emoções.
Produzindo lágrimas, por exemplo, quando se sente triste, ou rubor nas faces ao se perceber alvo de uma atenção especial, Suando fedido apesar do desodorante, se a situação é de ansiedade e há muita adrenalina circulando.
Isso quer dizer que a emoção encontra uma forma concreta de expressão que ao mesmo tempo é uma descarga, uma forma de liberar a tensão que aquela emoção provoca.
E esse ponto que a coisa começa a ficar mais interessante. Veja só: alguém que está auto-regulado usufrui de um estado de prazer, satisfação, integração consigo mesmo e com o meio ambiente. O corpo digeriu emoções e alimentos e voltou ao estado de equilíbrio, que vai durar até que algo aconteça- do lado de fora, como um repentino vento frio, ou do lado de dentro, como a vontade de ir ao banheiro.
Mas vamos supor que não seja possível sair do vento, não seja possível ir ao banheiro. O corpo vai reagir como? Criando mecanismos de contenção para lidar com a impossibilidade: contrai a musculatura, respira menos. Com isso o fluxo de energia corporal fica mais lento, ou mesmo bloqueado. Quando for possível encontrar abrigo e alívio, o corpo também vai poder relaxar e recuperar seu estado de prazer.
A grande encrenca acontece se a auto-regulação não se der.
Por exemplo uma criança fica triste e chora. Mas de tanto ouvi a mãe dizer para não chorar, cria uma retenção, bloqueia o choro, e com isso o corpo não pode se auto-regular. Há um engarafamento de energia ali, a respiração piora, os músculos se ressentem, os fluidos não circulam livremente. A emoção já passou há muito tempo e a retenção continua.
- De tanto não fazer o que precisaria para atender a um processo de auto-regulação, o organismo deixa de ser saudável, se torna neurótico, diz Julia Andrade, terapeuta que trabalha com a linha biodinâmica, estetoscópio em punho. O que ela escuta com ele o movimento dos fluidos na barriga.
- É o psicoperistaltismo, explica  - O sinal de que o organismo é saudável se identifica través de sons na área baixa do abdômen, como os de um rio passando. Essa fluência indica que o corpo está sendo capaz de regular e dissolver produtos de pressão e tensão emocional.
É uma segunda função do intestino: além de processar os alimentos, separando o que vai para o sangue do que vai para fora, ele também "digere" as emoções.
Ela observa que na nossa cultura se valoriza muito o fazer, trabalhar, produzir: uma pessoa acha que está bem quando tem muitas atividades.
- Mas na perspectiva da auto-regulação se dá importância a chegar em casa, relaxar, saborear a experiência do dia, dar um tempo entre uma situação e outra.
Antes de começar uma nova atividade, ter certeza de que digeriu a anterior. Perceber quando é preciso descansar. Escolher o que dá mais prazer em vez do que os outros acham que é bom. E sentir confiança nos processos corporais de descarga, como chorar, desabafar, gritar, bocejar, rir, soltar gase, gemer, cochilar, enfim: tudo o que pode trazer de volta  a respiração calma, a fluidez dos líquidos do corpo, o prazer.
Fundamental, diz Julia, é não ficar acumulando raiva, frustação ou qualquer outra emoção difícil, nem fazer de conta que não sentiu: pode até segurar na hora porque a sociedade e a clutura exigem, mas depois tem que expressar para dissolver. Seja na masagem, na caminhada, na terapia, dançando na discoteca, conversando com algum amigo ou na happy hour antes de voltar para casa. É o momento para falar, rir da situação, reclamar, falar mal do chefe.....E você, já deu sua auto-reguladinha hoje?"
Livro Meditando na Cozinha - Sonia Hirsch

Um comentário:

  1. rsrs..estou sempre dando auto reguladinhas... e acabei de te enviar um convite ..aguardo a resposta, o texto ta ótimo como sempre. beijocas e saudades.

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