RHEBECKA SOUZA

Somos seres com alma de borboleta, plena de beleza e harmonia, habitando num corpo onde as emoções e desejos, numa espécie de casulo nos aprisionam nos corpos físico, emocional, mental e espiritual, até que a compreensão e a consciência nos eleve ao que somos verdadeiramente, seres de luz.


terça-feira, 19 de agosto de 2014

VIVENDO NA SOMBRA

"Apesar de nossos padrões arquetípicos serem basicamente neutros, eles têm aspectos de luz e sombra. A palavra "sombra" por si já sugere um comportamento escuro, secreto, malévolo, que esconde nas profundezas de nossa natureza, pronto para prejudicar os outros e também a nós mesmos. Uma forma melhor de encarar os aspectos sombrios de nossos arquétipos, entretanto, seria que eles representam a parte de nós mais afastada da mente consciente. "A sombra pode se tornar sua amiga ou inimiga, só depende de você", escreve Marie-Louise Von Franz, a colega confidente de Jung. "A sombra não é necessariamente um adversário. Na verdade, é exatamente como um ser humano com quem temos que conviver. Ás vezes cedemos, às vezes resistimos, às vezes damos amor - conforme a necessidade da situação. A sombra se torna hostil apenas quando ignorada ou mal compreendida".
Os aspectos sombrios de nossos arquétipos são alimentados por uma relação ambígua com o poder. Temos tanto medo de ter poder quanto de não ter. A falta de poder é uma ameaça fácil de entender, pelo menos superficialmente. Mas por que deveríamos ter medo do poder? Este é basicamente o paradoxo que alimenta a sombra. A sombra pode ser vista como o poder não explorado. Ela se expressa por meio de um comportamento que sabota nossos desejos e nossa imagem de nós mesmos. Estes aspectos complexos da personalidade permeiam nosso comportamento, circundando a mente consciente, e muitas vezes assumindo o papel dominante. É comum não sabermos por que fazemos alguma coisa ou por que temos medos inexplicáveis. Isso conduz a doloroso conflito, porque sentimos uma coisa e fazemos outra, separando mente e coração.
(....) Mesmo sabendo que estamos por medo, às vezes decidimos fingir que não sabemos disto. Se não soubermos por que agimos de forma negativa, será mais fácil arranjar motivos para este tipo de comportamento ou culpar outra pessoa. Mas se tivermos consciência, emocional e intelectualmente, de estar prejudicando outro ser humano, não apenas precisaremos nos considerar responsáveis, mas também teremos que admitir ter escolhido conscientemente o comportamento negativo. Não poderemos mais nos esconder atrás de um suposto estado de confusão criado pela cisão entre mente e coração.
Enquanto a mente e o coração não dispuserem de um canal de comunicação claro, continuaremos confusos sobre o que fazer com nossa vida. Inevitavelmente, logo que entrarmos em contato com algo que nos apaixona - como encontrar a vocação, o parceiro com quem queremos viver ou mesmo nossa identidade sexual - experimentaremos uma espécie de sofrimento espiritual, até fazermos alguma coisa em relação a esta paixão. Este sofrimento na verdade uma forma de motivação divina, que nos impele a buscar uma vida mais autêntica.
A consciência de uma vida maior introduz a pressão do tempo no psiquismo e no espírito, porque quanto mais soubermos, mais depressa precisaremos agir. Eu chamo a isso "responsabilidade espiritual". Se entendermos que os julgamentos negativos, inclusive o julgar a nós mesmos, são prejudiciais, será preciso reavaliar nosso comportamento assim que percebermos que estamos julgando. Também será preciso reconhecer situações em que estamos inventando desculpas para nós mesmos e para nossos atos. Julgar os outros e inventar desculpas, mesmos sabendo que não deveríamos, são apenas dois dos muitos desafios espirituais que irão surgir se trabalharmos com arquétipos de sobrevivência. Quanto mais consciência tivermos das dificuldades de administrar nossa
consciência, menos lugares para nos esconder estarão disponíveis no psiquismo e na alma para o jogo de sombras da Criança, da Vítima, da Prostituta e do Sabotador.
Esta relação entre consciência e responsabilidade também se aplica à saúde. Depois que percebemos como a raiva e a culpa são tóxicas para o corpo e o espírito, as consequências destes venenos se tornam mais pronunciadas do que no tempo em que não sabíamos disto - se por nenhuma outra razão, simplesmente porque agora conhecemos seus efeitos biológicos. Isto é a visualização negativa em ação.
Caroline Myss - Contratos Sagrados

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